quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Que será dos Guarani Kaiowá?

Acho macabro a "grande mídia" não estar mencionando nada sobre a expulsão dos índios Kaiowá-Guarani de suas terras e das mortes por conta disso. Será que o suicídio coletivo de uma tribo nativa dessa terra que chamamos Brasil não merece destaque na mídia? Além disso, cadê a Funai? Como esse tipo de coisa pode acontecer? Isso sem falar no impacto negativo da construção da usina de Belo Monte sobre diversas culturas indígenas da região. Com tantas vozes indo contra, vozes de brasileiros e até mesmo estrangeiros, o governo segue com essa empreitada numa decisão nada democrática. Essa situação me incomoda muito. Até quando seremos reféns de um Estado corrupto e fascista disfarçado de democracia? Desculpem, mas é de amargar.
[Na foto: flauta que comprei de um índio guarani amigo meu]
Compartilho com vocês a matéria publicada pela Gazeta:
Publicado em 22/10/2012 por Jornal da Gazeta:
A justiça federal decretou a expulsão de 170 índios na terra em que vivem atualmente. Isso no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, à margem do Rio Hovy. Isso diante de silêncio quase absoluto da chamada Grande Mídia. Há duas semanas, numa dramática carta-testamento, os Kaiowá-Guarani informaram:
-Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui, na margem do rio, quanto longe daqui. Concluímos que vamos morrer todos. Estamos sem assistência, isolados, cercados de pistoleiros, e resistimos até hoje. Comemos uma vez por dia.
Em sua carta-testamento os Kaiowá/Guarani rogam:
- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.
Diante dessa história dantesca, a vice-procuradora Geral da República, Déborah Duprat, disse: "A reserva de Dourados é talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena em todo o mundo".
Em setembro de 1999 estive por uma semana na reserva Kaiowá/Guarani, em Dourados. Estive porque ali já acontecia a tragédia. Tragédia diante do silêncio quase absoluto. Tragédia que se ampliou, assim como o silêncio. Entre 1986 e setembro de 1999, 308 índios haviam se suicidado. Índios com idade variando dos 12 aos 24 anos.
Suicídios por viverem confinados em reservas cada vez menores, cercados por pistoleiros ou fazendeiros que agiam, e agem, como se pistoleiros fossem.